Histórias das 7
Lagoas
Ecos e
Sussurros do Passado
Sete Lagoas é uma cidade do Brasil
situada em Minas Gerais, especificamente na área central do estado. Considerado
um importante centro industrial, distante cerca de 72 quilômetros de Belo
Horizonte.
De acordo com o último censo realizado
em 2022, a cidade contava com uma população de 227.360 residentes, o que a
tornava a mais populosa de sua região próxima.
Antes da vinda dos primeiros
exploradores, os habitantes locais denominavam a região como "Vapabuçu"
(Local de Diversas Lagoas).
O nome Sete Lagoas foi dado devido ao
número de lagoas encontradas pelos colonizadores durante sua chegada.
O surgimento de Sete Lagoas teve início
em 1667, quando os primeiros colonizadores europeus, membros da expedição de
Fernão Dias, o “Borba Gato”, adentraram as terras da região em busca de
minérios valiosos.
O líder da missão, Fernão Dias Paes
Leme, encontrou um minério de prata excepcionalmente belo nas montanhas de Sete
Lagoas, possivelmente na Lapa do Chumbo da Fazenda das Melancias.
Essa descoberta foi essencial para o
progresso da área. Contudo, a trajetória de Fernão Dias não se resumiu apenas a
grandes descobertas. Seu filho adotivo, José Dias, se revoltou contra a
corajosa jornada do pai, liderando um levante que culminou em sua própria
morte.
Este acontecimento tumultuado
marcou o início do povoamento às margens do Ribeirão Matadouro, com o
aparecimento das primeiras casas que lançaram as bases para a formação da
cidade.
Após a desintegração da bandeira de D. Rodrigo de
Castelo Branco em 1681, os sobreviventes refugiaram-se em Sete Lagoas e
contribuíram para o desenvolvimento da vila.
A integração entre colonos e tribos nativas,
marcada pelo casamento e pelo respeito mútuo, foi crucial para a prosperidade
da comunidade.
No início do século XVIII, João
Leite da Silva Ortiz, típico representante das sertanistas paulistas, adquiriu
as Sesmarias do Cercado e em fevereiro de 1711, a de Sete ·Lagoas. Mas, por
razões desconhecidas, o registo oficial deste último foi perdido, deixando
apenas um nome em branco nos livros de contas da sede do governo.
Inquieto como os pioneiros de
sua época, João Leite da Silva Ortiz logo deixou suas terras em busca de novos
horizontes, deixando a Sesmaria das Sete Lagoas Confiada a Antônio Pinto de
Magalhães
A cidade tem uma história rica e multifacetada, que
remonta ao início do século XVIII. Uma das figuras centrais dos primeiros anos
da história da cidade foi João Leite da Silva Ortiz, nascido em São Paulo, filho
de Estevão Raposo Bocarro e Dona Maria de Abreu Pedroso Leme.
Ortiz, representante da raça sertanista paulista, é
conhecido por sua constante busca por novas fronteiras e oportunidades.
Na condição de bandeirante, Ortiz desempenhou um
papel vital na exploração e no desenvolvimento inicial da área.
Em 1701 chegou
à Serra de Congonhas, onde encontrou não ouro, como pretendia originalmente,
mas uma paisagem adequada à agricultura. Esta descoberta levou-o a instalar-se
na zona, fundar a Fazenda do Cercado, e ali iniciar atividades agrícolas e
pecuárias.
Ortiz adquiriu a Sesmaria do Cercado em janeiro de
1711 e a Sesmaria de Sete Lagoas no mês seguinte. Este último não foi
contabilizado nos livros oficiais de contas da sede do governo naquela época
por motivos não registrados.
Além de sua influência em Sete Lagoas, Ortiz também
é conhecido por fundar o acampamento Curral Del Rey, que acabou se
transformando na cidade de Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais.
A história de Sete Lagoas prossegue com a figura de Antônio
de Pinto Magalhães, que desempenhou um papel fundamental na evolução da cidade.
Ele adquiriu a sesmaria da região, anteriormente pertencente
a João Leite da Silva Ortiz. Esta aquisição, documentada oficialmente,
representa um marco importante na continuidade do desenvolvimento de Sete
Lagoas.
A compra da sesmaria por Magalhães é um reflexo da dinâmica
de posse e exploração de terras que caracterizava o período colonial
brasileiro.
Por volta de 1750, a Coroa Portuguesa formalizou a concessão
da sesmaria a Antônio de Pinto Magalhães, cobrindo a área que hoje corresponde
à cidade de Sete Lagoas.
Essa transferência de posse foi um passo significativo na
história da região. Posteriormente, após a execução de Magalhães, a sesmaria
foi transferida para o Padre Joaquim de Souza, um movimento que reflete as
mudanças políticas e sociais da época.
Durante o período colonial brasileiro, especialmente nos
séculos XVII e XVIII, a Coroa Portuguesa implementou uma série de medidas para
controlar a extração e o tráfego de ouro e diamantes na região das Minas
Gerais.
A
partir de 1702, a Coroa Portuguesa determinou a organização da exploração das
minas através do Regimento das Terras Minerais. Este regimento estabeleceu que
a exploração aurífera deveria ser acompanhada pelo pagamento de um imposto
denominado “quinto”, que correspondia a um quinto do valor extraído.
Além disso, postos de controle conhecidos como
“quartéis” ou “cartórios” foram montados em vários locais de Minas Gerais para
arrecadar impostos sobre a circulação de mercadorias e escravos. Um dos postos
fica em Sete Lagoas.
Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como
Tiradentes, ocupou um lugar importante na cidade. Ele comandava a guarnição e
era responsável pela segurança da estação de arrecadação de impostos de Sete
Lagoas.
Documentos históricos confirmam que Tiradentes esteve presente na cidade entre 22 de abril de 1780 e 23 de junho de 1781. Durante este período, o destacamento militar sob o seu comando, além de garantir a segurança do cartório, também foi incumbido de patrulhar as estradas que conduzem à cidade. Prevenir o contrabando e auxiliar na arrecadação de impostos.